29 janeiro 2009

SAIU NO JORNAL


Plantas medicinais do Brasil


A flora brasileira é importante para fornecer alimentos de qualidade, para o equilíbrio ambiental, para a preservação das espécies animais e dos próprios vegetais e para a descoberta de substâncias com propriedades biológicas, destacando-se as que são e podem ser utilizadas para preservar a saúde e para obtenção de produtos adicionais de interesse social e econômico.

Cerca de 25% dos medicamentos originam-se de vegetais superiores. Por exemplo, duas substâncias isoladas da planta ‘boa noite’ (Catharanthus roseus, Apocynaceae), os alcalóides diméricos vincristina e vinblastina, são utilizados para tratamento de câncer e respondem pela circulação comercial de cerca 200 milhões de dólares anualmente. A produção sintética em laboratório de tais produtos salvadores de vidas humanas não revelou viabilidade econômica.


Portaria recentemente assinada pelo Ministério da Saúde e outros nove ministérios oficializou o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, inserido no SUS. O programa pretende disseminar medicamentos fitoterápicos e estruturar a cadeia produtiva, assegurando eficácia para a saúde. Espera-se consistência através de ações efetivas das autoridades. A Central de Medicamentos (Ceme), criada há alguns anos pelo Ministério da Saúde, fracassou pela falta de consistência administrativa, incluindo-se ações políticas de grandes laboratórios interessados na preservação do mercado dos seus produtos. A Ceme foi, inclusive, um estímulo para a criação da Farmácia Viva pelo professor Francisco José de Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), que faleceu recentemente. Ele reuniu em livro cerca de 700 espécies de plantas do Nordeste reconhecidas por suas propriedades medicinais.


Os brasileiros, especialmente as autoridades, precisam ser mais tenazes na defesa das riquezas nacionais, estancando a ação ilegal de ONGs na verdade ligadas a interesses na exploração de recursos vegetais e jazidas minerais, que não são poucas. Basta lembrar os diversos produtos que foram patenteados por indústrias estrangeiras. Esta posição avaliativa não afasta a possibilidade de intercâmbio internacional, respeitando os direitos soberanos recíprocos, sem saques e sem submissão.

[Raimundo Braz Filho]

Jornal FOLHA DA MANHÃ - 29 de janeiro de 2009

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